EM FOCO: LÍQUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS

“Esta é a década dos líquidos refrigerantes naturais, quando eles vão se tornar a força dominante em vários setores”, declarou Marc Chasserot, fundador e CEO da ATMOsphere, em um debate organizado pela Güntner na Chillventa 2022. Ele estava se referindo ao rápido aumento do uso no setor de refrigeração e resfriamento de alternativas naturais aos líquidos refrigerantes sintéticos, que comprovadamente são prejudiciais ao planeta e à saúde humana.

A Güntner defende há muito tempo o uso de líquidos refrigerantes naturais, em especial o dióxido de carbono, a amônia e os hidrocarbonetos. “Quase metade dos produtos que vendemos em 2022 eram para uso com líquidos refrigerantes naturais, e esperamos que essa proporção aumente rapidamente no futuro”, afirma Michael Freiherr, diretor geral da Güntner. “E isso só pode ser uma coisa boa para o nosso planeta.”
Aqui nós olhamos para os muitos benefícios dos líquidos refrigerantes naturais.

ASCENSÃO E QUEDA DOS LÍQUIDOS REFRIGERANTES SINTÉTICOS

Os sucessivos gases refrigerantes produzidos pelo ser humano são comprovadamente prejudiciais.


Em 1937, o engenheiro americano Thomas Midgley Jr. foi premiado com a Medalha Priestley da American Chemical Society por seu serviço de destaque no campo da química. Sua conquista foi desenvolver o Freon, o primeiro de muitos clorofluorocarbonetos (CFCs), hidroclorofluorocarbonetos (HCFCs) e hidrofluorocarbonetos (HFCs), que são gases não tóxicos e não inflamáveis que podem ser usados como líquidos refrigerantes. Nas décadas que se seguiram, esses gases se tornaram amplamente utilizados na refrigeração industrial, comercial e residencial.

No entanto, a história provaria ser uma julgadora menos entusiasmada do trabalho de Midgley. Na década de 1970, os cientistas descobriram que os CFCs estavam causando danos significativos à camada de ozônio da Terra, que protege o planeta contra a radiação ultravioleta. No ano de 1987, o Protocolo de Montreal proibiu o uso deles. Os HCFCs, que igualmente prejudicam a camada de ozônio, mas em menor grau, agora também foram quase completamente eliminados em todo o mundo.

Como resultado, os HFCs são atualmente os líquidos refrigerantes sintéticos mais usados em todo o mundo. Embora não prejudiquem a camada de ozônio, os HFCs são gases de efeito estufa centenas a milhares de vezes mais potentes que o dióxido de carbono em termos de potencial de aquecimento global (GWP).

Uma alternativa sintética aos HFCs recentemente desenvolvida são as hidrofluoroolefinas (HFOs), que têm apenas 0,1% do potencial de aquecimento global dos HFCs. No entanto, tanto os HFCs quanto as HFOs produzem ácido trifluoroacético (TFA) à medida que se degradam, o que muitos cientistas acreditam ser prejudicial ao meio ambiente, à vida marinha e aos seres humanos.

MOTIVOS PARA MUDAR

Uma variedade de fatores está potencializando a mudança para os líquidos refrigerantes naturais.

REGULAMENTAÇÃO
Não é surpresa que os efeitos nocivos dos atuais líquidos refrigerantes sintéticos resultaram em regulamentações rígidas que controlam seu uso. Em 2016, uma emenda ao Protocolo de Montreal foi adotada por 197 países, com o compromisso de reduzir o consumo e a produção de HFCs em mais de 80% nos próximos 30 anos. No entanto, alguns países e regiões também introduziram suas próprias medidas regulatórias mais rigorosas. Na Europa, por exemplo, a regulamentação F-Gas da União Europeia pretende reduzir em dois terços até 2030 as emissões de gases fluorados, que incluem os HFCs. As regulamentações REACH da União Europeia, que regem quais substâncias químicas podem ser fabricadas e utilizadas no bloco, também podem levar à proibição de certos HFCs.

“A regulamentação F-Gas é a legislação mais importante do mundo para a indústria de refrigeração e resfriamento no que se refere ao incentivo ao uso de líquidos refrigerantes naturais”, diz Chasserot. “Ela está sendo vista como o modelo a ser seguido em outras partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos.”

Nos EUA, a Lei Americana de Inovação e Fabricação (AIM), promulgada pelo Congresso em 2020, tem como objetivo reduzir gradualmente a produção e o consumo de HFCs em 85% no país até o ano de 2036. As propostas da Agência de Proteção Ambiental do país proibirão fabricação, venda e importação de produtos que contenham determinados HFCs nos próximos anos.

Como a pesquisa sobre os efeitos nocivos dos HFOs continua, é provável que as regulamentações também sejam introduzidas para reduzir seu uso.

QUESTÕES RELATIVAS AO ESG
As questões ambientais agora dominam o pensamento corporativo. De acordo com uma pesquisa recente da empresa de serviços financeiros Morningstar, nove em cada dez empresas têm ou estão desenvolvendo atualmente uma estratégia formal para gerenciar suas práticas ambientais, sociais e de governança. Elas estão particularmente cientes de suas responsabilidades quanto ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas no que tange a necessidade de reduzir enormemente as emissões de gases de efeito estufa.

Desde a pandemia da covid-19, as empresas também viram um aumento significativo na preocupação dos acionistas e dos consumidores com a situação do planeta. Uma pesquisa do Boston Consulting Group descobriu que quase três quartos dos três mil entrevistados em oito países estavam mais conscientes no momento de que a degradação do meio ambiente ameaça os seres humanos. Uma proporção semelhante disse que as questões ambientais são tão preocupantes ou ainda mais preocupantes do que as questões de saúde.

Por esse motivo, as empresas estão com os olhos voltados não apenas às emissões de carbono, mas também ao seu impacto no planeta de modo geral. “O princípio de ´não causar danos´ é fundamental”, diz Andreas Hermelink, diretor da empresa de consultoria Guidehouse, especializado em energia e sustentabilidade. “Não se trata apenas de gases de efeito estufa, mas também de evitar soluções que possam causar danos.”

ECONOMIA
O setor financeiro está desempenhando um papel crescente na transição para líquidos refrigerantes naturais, pois decisões de empréstimo e investimento levam cada vez mais em consideração os fatores ambientais. A Net-Zero Banking Alliance, por exemplo, que representa mais de 40% dos ativos bancários globais, está comprometida em alinhar suas carteiras de empréstimos e investimentos com emissões líquidas zero até 2050. As emissões diretas de líquidos refrigerantes estão sendo vistas cada vez mais como parte dessa equação.

Há também razões financeiras para evitar ativos que possam estar sujeitos a regulamentações futuras. “Claro! Você pode investir em soluções de HFO, mas deve estar ciente de que, em alguns anos, dependendo da situação do mundo, elas poderão ser banidas. Então, você obviamente tem um problema”, afirma Hermelink.

Chasserot concorda: “Há um verdadeiro risco associado ao investimento nesses tipos de soluções, o que pode acabar significando que haverá a necessidade de substituí-las muito em breve”, diz ele.

O CAMINHO NATURAL A SER SEGUIDO

O futuro está nos líquidos refrigerantes naturais


Os líquidos refrigerantes naturais evitam todas as armadilhas associadas aos sintéticos. Produzem emissões insignificantes, ou não geram gases de efeito de estufa. Além disso, não oferecem riscos ambientais e são à prova de futuro quanto à regulamentação e a reaparelhamentos custosos. A utilização desses líquidos está em conformidade com quatro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: industrialização sustentável, cidades seguras e sustentáveis, ação climática e segurança dos oceanos.

“OS LÍQUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS DEVEM SER VISTOS DA MESMA FORMA QUE AS ENERGIAS RENOVÁVEIS.”
MICHAEL FREIHERR DIRETOR ADMINISTRATIVO E CTO, EUROPA

A Güntner vem desenvolvendo soluções eficientes em termos energéticos com líquidos refrigerantes naturais há muitos anos e foi uma das primeiras que recebeu o selo ATMOsphere, que é um certificado de aprovação para os melhores fabricantes de soluções que utilizam esses refrigerantes. Também temos nosso moderníssimo laboratório para soluções de CO e amônia, onde fazemos testes, pesquisa e desenvolvimento, o que nos permite fornecer dados de aplicações confiáveis e que não suscitam dúvidas.

“Nos últimos anos, trabalhamos muito, particularmente na redução do estoque de líquidos refrigerantes dentro do sistema, desenvolvendo novas geometrias de tubos”, diz Ian Runsey, diretor técnico da Güntner nas Américas do Norte e Latina. “Em especial com a amônia, estamos procurando maneiras de aprimorar a metodologia de alimentação no evaporador e, assim, usar muito menos líquidos refrigerantes.”

Os avanços na tecnologia também estão tornando os sistemas que usam líquidos refrigerantes naturais mais competitivos em termos de custo em comparação com aqueles que usam os sintéticos. Em um número crescente de casos, particularmente em grandes instalações de amônia, os líquidos refrigerantes naturais se mostram mais baratos no momento. Esse é outro fator que impulsiona seu crescimento.

“O USO DE LÍQUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS REMONTA A MAIS DE UM SÉCULO, MAS PODE-SE DIZER QUE O RENASCIMENTO REALMENTE COMEÇOU NA DÉCADA DE 2000, QUANDO GRANDES REDES DE SUPERMERCADOS COMEÇARAM A USAR O CO₂.”
FRANZ SPERL GERENTE DE PRODUTOS, GÜNTNER

“Mas, agora estamos vendo um enorme aumento na captação. Muitas vezes, as pessoas não percebem como os líquidos refrigerantes naturais estão se tornando predominantes em suas vidas diárias. Praticamente todas as geladeiras domésticas funcionam com propano nos dias de hoje. Estamos falando de tecnologia comprovada que pode ser construída com segurança. Então por que não devemos utilizá-la em mais aplicações?”


LÍQUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS EM AÇÃO

As soluções tecnológicas inovadoras da Güntner que usam líquidos refrigerantes naturais podem ser encontradas em sistemas de refrigeração e resfriamento em todo o mundo.

CO₂, CANADÁ
O dióxido de carbono é não tóxico e não inflamável e está sendo cada vez mais usado em uma ampla variedade de cenários, desde supermercados até unidades fabris de refrigeração em larga escala. Em 2021, a processadora de frutas Emblem Cranberry, na província canadense do Quebec, concluiu o desenvolvimento de um dos maiores sistemas transcríticos de resfriamento de CO do mundo. Isso inclui um esfriador de Gás V-shape VARIO com hydroBLU da Güntner, que permite que o sistema reduza o consumo de energia e água.
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CO₂, NORWAY
O centro de esportes de inverno indoor SNØ, de 50.000 m², nos arredores de Oslo, possui três pistas de esqui alpino e uma trilha de cross-country de 1 km. O enorme espaço é mantido a uma temperatura constante de -2 °C graças aos 28 Resfriadores de Ar Cubic VARIO da Güntner que utilizam dióxido de carbono e ventiladores comutados eletronicamente (EC). É o maior sistema de resfriamento de CO₂ transcrítico desse tipo na Noruega. O centro, na realidade, atua como uma bomba de calor gigante, com seu calor residual utilizado para aquecer lares e escritórios na vizinhança.
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CO₂, JAPÃO
Quando a Benirei Logistics decidiu modernizar sua câmara frigorífica em Osaka, no Japão, substituiu um sistema que utilizava o prejudicial líquido refrigerante R22 HCFC por CO₂. O novo sistema usa o Resfriador de Gás V-shape COMPACT com hydroBLU da Güntner, bem como ventiladores EC. “Escolhemos a Güntner pela qualidade de seus produtos e longa tradição de oferecer mundialmente dry coolers de CO₂”, diz o gerente-geral da Panasonic, Gaku Shimada, que forneceu o rack de condensação.
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AMÔNIA, BRASIL
A amônia tem um GWP zero e é amplamente utilizada para sistemas de resfriamento para armazenagem de alimentos. Na câmara frigorífica da produtora de uvas Agrivale, no Vale do Rio São Francisco, um sistema de resfriamento de amônia de 18 anos de idade foi adaptado com seis Resfriadores de Ar Cubic VARIO da Güntner. Eles usam menos amônia do que os antigos trocadores de calor e também são mais leves e compactos.
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PROPANO, ÁUSTRIA
O recém-construído data center IKB em Innsbruck, Áustria, abriga dois Dry coolers V-shape VARIO da Güntner, que fazem uso de propano como líquido refrigerante. O propano não apenas tem GWP insignificante, mas também é consideravelmente mais eficiente em termos energéticos do que os líquidos refrigerantes HFC mais comuns. A construtora Streit-TGA tomou a decisão em 2020 de usar apenas líquidos refrigerantes naturais em seus projetos. “Além dos benefícios ambientais, há maiores eficiências e custos mais baixos para nossos clientes”, afirma Alexander Streit, sócio-gerente.